quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Palavra do Presidente

Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial
Em um Brasil colorido e harmônico, que hoje experimenta avanços nas áreas econômica e social, que tem um Governo preocupado em resolver diferenças e discrepâncias ainda existentes, temos a sensação de podermos refletir sobre o transcurso do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, comemorado no dia 21 de março, com um olhar distinto que tínhamos em décadas passadas.
No entanto é bom e útil relembrarmos a história, é saudável para a democracia olhar o passado, analisar o presente, e desde já pensarmos o futuro melhor para todos, especialmente neste Ano Internacional dos Afrodescendentes.
E esse olhar nos remete há 51 anos, na cidade de Sharpeville, África do Sul, onde milhares de pessoas protestavam contra a dura legislação e contra a prisão de líderes de um movimento opositor. Não fosse o racismo oficial, aquela manifestação pacífica seria igual a tantas outras pacíficas que ocorrem pelo mundo, mas naquele dia, 69 pessoas foram mortas, das quais 19 crianças. O sangue derramado, que não possui distinção de cor, foi o combustível que acendeu a chama da liberdade em todo o mundo.
Mas, apesar das conquistas, ainda há relatos de discriminação racial em várias partes do mundo. E no Brasil, não é diferente. Segundo o Observatório da Discriminação Racial, no último carnaval, na capital baiana, uma cidade na qual se estima que 80% da população é negra, a Secretaria Municipal da Reparação (Semur), registrou 149 denúncias de racismo.
As políticas de reparação - como as cotas nas universidades – ainda suscitam polêmicas. Vemos que o brasileiro até se esforça por uma democracia racial, mas fatos como esse relatado, que certamente ocorrem por todo o país, e os dados de renda e escolaridade associados ao gênero e à cor, levam-nos a concluir que existe uma escala que vem da mulher negra nordestina na base até o homem branco do sul no topo.
Por outro lado, o presente também apresenta sinais positivos que nos permite ver realizado o sonho de muitos que morreram nas senzalas e nos porões dos navios negreiros, como o Ministro Joaquim Barbosa, no Supremo Tribunal Federal, e como tivemos a oportunidade de ver recentemente em solo brasileiro o atual presidente norte-americano, destaques por suas competências.
Recentemente, todos nós que participamos do PRB, o Partido Republicano Brasileiro, tivemos a alegria de saber através de pesquisa feita pela União de Negros Pela Igualdade - Unegro - que o nosso partido, do qual sou líder, é o que proporcionalmente detém o maior número de parlamentares negros no Congresso Nacional, e o terceiro em números absolutos, nos quais estou incluído.
No Rio de Janeiro, estado que tenho orgulho de representar nesta Casa e que apresenta uma das maiores populações negras do país, o Núcleo PRB Afro-RJ estuda incansavelmente planos e estratégias para atrair ao partido cidadãos negros, especialmente mulheres, que queiram participar da política partidária.
Como falamos em futuro, finalizamos expressando nossa crença que a operacionalização do recente Estatuto da Igualdade Racial, num esforço conjunto da educação no seio da família e da cultura nas salas de aula, permitirá à nação trilhar consciente e gradativamente.
Cremos num processo cultural consciente, sem atropelos, que levará essa nação a somente comemorar essa data - 21 de março - com dados e fatos positivos.


Vitor Paulo é deputado federal e presidente do PRB/RJ

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